Acompanhar a progressão de um paciente de melanoma pode ser desafiador. Mas um estudo preliminar sugere que um novo teste a laser pode auxiliar os médicos a detectar rapidamente células tumorais circulando na corrente sanguínea. O trabalho foi publicado na revista Science Translational Medicine.
Conhecidas como células tumorais circulantes (CTCs), essas células são propagadas do sítio primário do tumor para a corrente sanguínea ou o sistema linfático. Podem ser um alerta de que o tratamento não está funcionando ou que o tumor tem mais chance de causar metástase.
Como as CTCs não são abundantes, podem estar ausentes das amostras sanguíneas coletadas para exames. É preciso extrair grandes quantidades de sangue para encontrá-las, algo inviável de se fazer.
Um grupo de pesquisadores de Arkansas, nos Estados Unidos, tem trabalho no desenvolvimento de um teste a laser que pode, no futuro, auxiliar nessa tarefa. O teste analisa o sangue pelo lado de fora do corpo, detectando as células tumorais quando elas circulam pelas veias do braço.
No estudo, feito com 28 pacientes de melanoma em estágio avançado, o teste conseguiu detectar CTCs em 27 casos, levando apenas 10 segundos. A ferramenta não trouxe falsos positivos quando utilizada em 19 voluntários que não tinham a doença.
Porém, como os próprios pesquisadores fazem questão de ressaltar, trata-se de um trabalho preliminar – muitos outros estudos são necessários antes que o teste tenha sua eficiência comprovada.
“É interessante que surjam novas técnicas para avaliação do tumor que vão além dos exames de imagem tradicionais”, afirma Dr. Rodrigo Munhoz, oncologista clínico e membro do Comitê Científico do Instituto Melanoma Brasil. Ele pontua que as novas tecnologias para avaliação de CTCs são promissoras para, talvez, diagnosticar mais precocemente as variações do tumor.
“Mas tudo ainda está em fase experimental”, ressalta. “Carecemos de mais dados, em populações maiores com melanoma, para comprovar a eficácia do teste e compreender como pode auxiliar na orientação da conduta clínica”, finaliza o médico.