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Eu senti na pele – Patrícia Serra Garcia

A coach executiva Patrícia Serra Garcia, 48 anos, adorava tomar sol. Há dois anos, enquanto se preparava para uma mudança de carreira, viveu uma reviravolta ao receber o diagnóstico de melanoma. Hoje com a doença estabilizada, ela não descuida da proteção solar, principalmente quando faz esportes ao ar livre, uma de suas atividades preferidas. Conheça sua história:

“Sempre gostei do sol. Adorava aproveitar o dia na praia ou na piscina, fazia muitas atividades ao ar livre, na grande maioria das vezes sem proteção. Só comecei a usar filtro solar após os 30 anos.

Em março de 2016, vivia um momento de transição. Após muitos anos no mercado corporativo, na área de marketing, queria me tornar coach executiva. Para me preparar, fiz diversos cursos. E foi em um desses cursos que minha vida mudou.

Era uma aula de mindfullness, que reunia profissionais de diversas áreas, inclusive medicina. No intervalo, sentei para conversar com uma colega dermatologista. Casualmente, mostrei a ela uma pinta no braço, semelhante a uma verruga. Um mês depois, marquei uma consulta para remover o sinal.
Saí tranquila, acreditando que não era nada. A médica me pediu para retornar após quatro meses. No dia seguinte, porém, me ligou preocupada. Tinha percebido “vasos cruzados” na lesão e enviado para biópsia. Permaneci calma.

Duas semanas depois, voltei ao consultório com a certeza de que não havia nada, tanto que levei minha filha, na época com 10 anos, para ser examinada também. Ao ver menina, a médica perguntou seu eu iria entrar com ela. Pelo tom da pergunta, achei melhor entrar sozinha.

Na consulta, a médica informou que a “verruga” era um melanoma com Breslow 1.6. Fiquei surpresa, mas não alarmada. Pouco sabia sobre o assunto, a ficha não caiu imediatamente. Agendei para maio a remoção cirúrgica com ampliação de margens e biópsia do linfonodo sentinela.

No hiato entra a consulta e o procedimento, segui à risca as recomendações médicas e em nenhum momento recorri ao “Dr. Google”, conduta que mantive ao longo de todo o tratamento. Desejava me pautar apenas por informações seguras e confiáveis que, a meu ver, somente os médicos poderiam transmitir. Além disso, a correria era tanta que faltava tempo para pesquisa na internet.

Após a cirurgia, a biópsia do linfonodo sentinela deu positivo. A tranquilidade foi embora e, pela primeira vez, me senti assustada. Fiquei com medo de ter metástase, sentia como se um filme da minha vida passasse diante dos meus olhos. Marquei para o dia 10 de junho o esvaziamento axilar. O passo seguinte foi procurar um oncologista.

Para tomar a melhor decisão possível, procurei três especialistas renomados, e de cada um recebi uma opinião diferente. Um me recomendou um ano de imunoterapia com interferon, outro não foi incisivo sobre a necessidade do procedimento e outro foi terminantemente contra, pediu que eu retornasse apenas em dezembro. E agora, o que fazer?

Após bastante reflexão e discussão com a família, decidi que não iria correr ricos e me submeteria à imunoterapia. Iniciei o procedimento em julho. Durante um mês e meio, fui diariamente ao hospital receber a medicação, frequência que, no segundo ciclo, caiu para três vezes por semana. Passei muito mal. Meu ânimo reduziu a zero, sofri todos os sintomas: enxaqueca, enjoos etc. Talvez o estresse tenha contribuído para piorar o quadro. Como não havia nada a ser feito, me permiti desacelerar. Estava fora da área corporativa, não precisava cumprir expediente. Priorizei a saúde e tirei o tempo necessário para cuidar de mim.

Quando concluí a imunoterapia, foi uma festa! O ânimo para sair de casa, viajar, retomar minha nova carreira e viver a vida reapareceu, ainda bem! Desde então, tenho feito exames a cada três meses e não houve recorrência da doença. Que alegria!

Após o fim da terapia, pude me dedicar novamente a algo que adoro: a atividade física outdoor. Comecei a praticar beach tennis este ano e estou super firme nas aulas. Na verdade, minha paixão era a corrida. Porém, com o tratamento, surgiu a necessidade de um esporte com menos impacto, e o beach tennis, praticado na areia, mostrou-se a opção ideal. Evidentemente, protejo bem minha pele ao jogar. Uso protetor solar, roupas apropriadas e escolho horários de sol mais fraco.

Refletindo sobre minha trajetória, penso que o período em tratamento foi desafiador, mas trouxe aprendizados importantes. Percebi que, diante de um problema sério, não podemos fugir, precisamos encarar e ser resistentes. Mas, mais do que nunca, a situação nos traz uma percepção do quanto somos vulneráveis. Passei a enxergar a vida de outra forma. Nas minhas idas diárias ao Hospital Sírio Libanês, encontrava pessoas com a saúde totalmente debilitada. Isso mostra que, por mais que desejemos, não temos controle sobre o que acontecerá ou não conosco. Isso me ajudou a manter o foco e não me preocupar com bobagens. Levei essa percepção para a vida. A cada dia que passa, procuro ser e fazer o melhor que puder.”

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