Você sabia que os vírus podem ajudar a combater o melanoma, o câncer de pele mais perigoso?
Essa é a essência do T-VEC, modelo terapêutico para combater o câncer desenvolvido a partir de um vírus, com um mecanismo de ação diferente do convencional. Trata-se de uma versão geneticamente modificada do vírus HSV-1, causador do herpes. Quando injetado nas lesões de melanoma, o vírus se multiplica dentro deles, libera uma proteína que provoca a morte celular e estimula o sistema imunológico a atacar as células cancerosas.
Como se trata de uma versão geneticamente modificada, o vírus não provoca os danos do herpes. Ataca apenas as células cancerosas, e poupa as sadias. O tratamento consiste em uma série de injeções com o princípio ativo vivo, aplicadas a cada duas semanas, durante seis meses, diretamente nas lesões de melanoma. Os efeitos colaterais são semelhantes aos de uma virose: calafrios, febre e náuseas.
Nos Estados Unidos, o T-VEC é utilizado desde 2016, indicado para os casos de melanoma irresecável nos estágios IIIB, IIIC ou IV. Estudos apontam boa tolerância ao medicamento pelos pacientes. O tratamento ainda não está disponível no Brasil.
Dr. Rodrigo Munhoz, oncologista clínico e integrante do Comitê Científico do Instituto Melanoma Brasil, pontua que a terapia pode funcionar bem em um grupo de pacientes selecionados, que podem receber as injeções intralesionais.
“Mas talvez a principal perspectiva seja a combinação dessa estratégia com outras formas de imunoterapia, como os agentes anti-PD1, por exemplo”, afirma ele. “Nesse caso, temos resultados bem mais animadores, com perfil de tolerância melhor e menos efeitos colaterais. Esse uso do medicamento está em estudo e pode aumentar o seu benefício”, acredita.
O T-VEC foi o primeiro modelo terapêutico em uso clínico desenvolvido a partir de um vírus para tratar o melanoma, mas essa estratégia está em estudo há várias décadas. Atualmente, estão em curso pesquisas que empregam os vírus no combate ao câncer de ovário, bexiga e próstata.