Em julho, comemoramos uma importante vitória dos pacientes de melanoma: a recomendação da Conitec para a incorporação de imunoterápicos ao tratamento da doença avançada pelo SUS. Para dar continuidade a esse assunto tão importante, batemos um papo com o Dr. Rodrigo Munhoz, oncologista e membro do nosso Conselho Consultivo, sobre os benefícios phttps://www.melanomabrasil.org/painel_adminara os pacientes e desafios para o sistema de saúde. Confira:
Melanoma Brasil: O senhor foi um dos médicos que participou do processo de submissão do pedido de incorporação da imunoterapia no Sistema Único de Saúde (SUS). O que a decisão favorável da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (CONITEC) representa para o paciente?
Dr. Rodrigo Munhoz: A decisão favorável da CONITEC abre possivelmente portas para disponibilização da imunoterapia na forma de agentes anti-PD1 (uma das imunoterapias consideradas padrão para pacientes com melanoma metastático) para pacientes com melanoma avançado no SUS. Ela não é a garantia de acesso, mas sim um passo inicial que reforça a interpretação em esferas governamentais e regulatórias de que o melanoma vive um cenário desafiador no SUS, pela escassez de tratamentos. Os tratamentos incorporados, disponibilizados pela saúde suplementar, de fato tiveram um impacto significativo na história de pacientes em tratamento com melanoma avançado.
O que nos dá esperanças em relação à disponibilização destes medicamentos, mas ainda não tem força de lei, não sendo uma garantia de que os tratamentos estarão disponíveis em um futuro próximo. Recentemente, houve a divulgação no Diário Oficial, de uma recomendação da Secretaria de Incorporação de Novas Tecnologias também favorável à incorporação de agentes anti-PD1. Mesmo assim, ainda temos incertezas de quando isso será feito. Se haverá uma compra centralizada de medicamentos, um remodelamento da APAC (Autorização de Procedimentos de Alta Complexidade), especificamente para melanoma avançado para que pacientes tenham acesso, se o custo destes medicamentos será repassados para as unidades de saúde, o que seria algo inviável na prática. Então, temos ainda uma série de questões e dúvidas em relação a esse tema.
Melanoma Brasil: A chance de um paciente com melanoma metastático estar vivo em três anos com a quimioterapia oferecida pelo SUS é de 10% a 12%. Com a imunoterapia, como fica o percentual de cura, considerando o mesmo período?
Dr. Rodrigo Munhoz: Essa é uma análise bruta. A expectativa é que esse número aumente com a incorporação de agentes anti-PD1. Acredito que com a imunoterapia (ou a terapia-alvo) esse número possa chegar a 50%.
Melanoma Brasil: Há muitos anos o SUS não promovia a incorporação de novos medicamentos para o tratamento de melanoma, qual o impacto positivo que esse cenário promoverá no sistema público de saúde?
Dr. Rodrigo Munhoz: Em um futuro próximo, os pacientes tratados no SUS a um tratamento que claramente mudou a história natural do melanoma. Porém, naturalmente, a incorporação da imunoterapia traz preocupações quanto aos custos, a seleção de pacientes para esses tratamentos, quanto a forma de lidar com a toxidade que vem desses tratamentos, que podem ser custódios também.