Embora tenha altas chances de cura se tratado no início, o melanoma pode recidivar ou se disseminar para outras partes do corpo. A biópsia é um fundamental para saber mais sobre o tumor e avaliar a possibilidade de recorrência. Porém, o procedimento ainda segue padrões que pouco se alteraram nas últimas décadas. Consideram-se aspectos como espessura do tumor, presença de presença de ulcerações etc. Entretanto, um trabalho publicado na revista Nature Cancer, realizado por pesquisadores da Universidade de Brigham, propõe uma nova técnica para análise das amostras de pele. Por meio do sequenciamento do DNA, a técnica ajuda a para prever quais melanomas têm mais chance de recorrer ou se espalhar para outros órgãos.
Os autores buscaram determinar se algumas características mensuráveis das células T poderiam ajudar a prever a chance de recorrência. Foram analisados pacientes que tinham removido melanomas primários e estavam livres da doença. Os autores trabalharam com mais de 300 amostras de melanoma primário maiores de um milímetro. Lesões menores do que isso raramente se disseminam.
Como funciona?
Primeiramente, para comparar os melanomas primários metastáticos com aqueles que não geraram metástases, os pesquisadores utilizaram sequenciamento de DNA de alta performance, para analisar as células T dos tumores. Identificaram que, dentre todas as variáveis possíveis, a fração de células T (ou seja, a proporção das células dos tumores que eram células T) era um importante fator preditivo de quem iria ter progressão da doença.
Pacientes com fração de células T de 20% ou menos tinham mais risco de metástases. Já os pacientes com TCRF maior tinham menos risco. Nos casos de melanoma T3 (com 2 a 4 milímetros de espessura), cinco anos após a remoção do tumor primário, 51% dos pacientes com alta fração de células T tinham todo progressão. Nos casos de fração menor, a recorrência foi de 24%.
Ainda são necessários estudos prospectivos, em pacientes cujo desfecho ainda não é conhecido, para comprovar a eficácia do teste, que ainda não está comercialmente disponível. Para Thomas Kupper, um dos autores, caso se comprove a viabilidade clinica, o teste pode ajudar a fortalecer os modelos de previsão existente e aprimorar o tratamento. Afinal, a técnica ajuda a prever quais melanomas terão mais chance de recorrer. “Pacientes com fração de células T alta podem se beneficiar do uso de inibidores de checkpoints, enquanto aqueles com fração baixa podem requerer intervenções adicionais”, finaliza.